Lourdes é fundadora e presidente do
Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará, o Gempac. Há 22 anos a
entidade luta pela legalização do trabalho das prostitutas e pela
dignidade de uma categoria historicamente desrespeitada. “A gente
precisa que a sociedade veja a gente de outra forma, como ser humano”,
afirma Lourdes. “Criei meus quatro filhos vivendo da prostituição. Pra
mim essa é uma profissão como outra qualquer”, opina.
“Aqui a gente funciona como uma associação de moradores”
O movimento se envolve em todos os tipos
de causas sociais. Nas questões da violência contra mulher, no combate
ao tráfico humano, na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e
Aids, e assim por diante. É uma tentativa de conquistar a própria
cidadania. E mais do que isso, de captar olhares para o bairro da
Campina. “Aqui a gente funciona como uma associação de moradores”,
explica Lourdes Barreto, tamanha é a demanda da comunidade local por um
dos poucos símbolos de representação social na área. “Aqui a gente não
tem uma creche, uma unidade de saúde pública”, aponta. Quando a noite
chega, a paisagem fica soturna, a insegurança vira companhia e trancafia
os moradores dentro de casa. Gente que se fecha em seus próprios mundos
e abrigos.
O grupo faz o que pode. Busca parceiros,
dialoga com o poder público. Com o setor privado. Com outras
organizações sociais. “É um trabalho duro, cruel, muitas sem estrutura,
como a maioria dos movimentos”, compara Lourdes. Tenta caminhos para
conseguir se manter. Tarefa cada vez mais complicada. “Às vezes a gente
tem dificuldade de pagar a luz”, comenta. O prédio centenário, cedido
pela Fundação Santa Casa de Misericórdia, já pede reformas. Sem
dinheiro, ainda não deu. Leia mais no Diário do Pará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário