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quinta-feira, 8 de março de 2012

Gempac reafirma luta pela própria dignidade

Houve um tempo em que as esquinas do bairro da Campina, em Belém, cheiravam a laquê. Fragmento de um período de esplendor, com bordéis sofisticados e uma zona meretrícia movimentada. Mas nada disso restou. E o perfume entrou na memória. Só as damas da noite ficaram para lembrar o passado e tentar se adaptar ao novo cenário. “Hoje [nossas esquinas] fedem à droga, à violência”, diz Lourdes Barreto, 69, prostituta por pelo menos 30 anos, mãe de quatro filhos, avó de dez netos, dona de casa que gosta de tudo organizado, no seu devido lugar. Em outras palavras, mulher.
Lourdes é fundadora e presidente do Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará, o Gempac. Há 22 anos a entidade luta pela legalização do trabalho das prostitutas e pela dignidade de uma categoria historicamente desrespeitada. “A gente precisa que a sociedade veja a gente de outra forma, como ser humano”, afirma Lourdes. “Criei meus quatro filhos vivendo da prostituição. Pra mim essa é uma profissão como outra qualquer”, opina.
“Aqui a gente funciona como uma associação de moradores”
O movimento se envolve em todos os tipos de causas sociais. Nas questões da violência contra mulher, no combate ao tráfico humano, na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids, e assim por diante. É uma tentativa de conquistar a própria cidadania. E mais do que isso, de captar olhares para o bairro da Campina. “Aqui a gente funciona como uma associação de moradores”, explica Lourdes Barreto, tamanha é a demanda da comunidade local por um dos poucos símbolos de representação social na área. “Aqui a gente não tem uma creche, uma unidade de saúde pública”, aponta. Quando a noite chega, a paisagem fica soturna, a insegurança vira companhia e trancafia os moradores dentro de casa. Gente que se fecha em seus próprios mundos e abrigos.
O grupo faz o que pode. Busca parceiros, dialoga com o poder público. Com o setor privado. Com outras organizações sociais. “É um trabalho duro, cruel, muitas sem estrutura, como a maioria dos movimentos”, compara Lourdes. Tenta caminhos para conseguir se manter. Tarefa cada vez mais complicada. “Às vezes a gente tem dificuldade de pagar a luz”, comenta. O prédio centenário, cedido pela Fundação Santa Casa de Misericórdia, já pede reformas. Sem dinheiro, ainda não deu. Leia mais no Diário do Pará.

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