"Eu, como
militante político, vou respeitar os acordos que meu partido fez. Em São Luís
eu deixei claro que o PCdoB seguiria seu caminho, mas eu estava preso a um
compromisso com a deputada Eliziane e iria cumprir este compromisso. Em outras
cidades vamos seguir nosso partido", disse o governador.
Em entrevista exclusiva ao blog, o
governador Flávio Dino fala sobre sua participação nas eleições de outubro
próximo e avisa que os candidatos de sua base aliada deverão vencer na maioria
dos 217 municípios maranhenses.
Sobre Pinheiro e Barreirinhas, onde na
noite de sexta-feira (5), data limite para as convenções partidárias, houve
quebra de acordos, Dino lamentou que fatos estranhos tenham ocorrido na
“Princesa da Baixada”, e na cidade pólo dos Lençóis, onde o PC do B terá que
lançar candidatos sem o apoio do PP e PDT, como anunciado anteriormente.
Em Pinheiro, Luciano Genésio, preferiu
acompanhar a estratégia divisória que favorece o prefeito Filuca Mendes (PMDB).
Em Barreirinhas, o prefeito Léo Costa não cumpriu um acordo de 2012, quando
recebeu o apoio do PC do B, para retribui-lo em 2016.
Flávio Dino avisou que vai participar
das eleições municipais como cidadão, sem, no entanto, envolver o governo.
Pergunta – O senhor falou na última
entrevista que tivemos sobre a base aliada, que seria Edivaldo, Bira e
Eliziane, o que deixava claro que Wellington do Curso não faria parte desta
base. Com a ida do PSB de Roberto Rocha para a candidatura do PP, muda alguma
coisa neste quadro?
Flávio
Dino – A questão diz mais respeito ao
perfil de cada candidato. Os candidatos que identificamos mais com a nossa
trajetória, que temos compromissos programáticos, que têm defendido o governo
são o prefeito Edivaldo e Eliziane. O que não quer dizer que não temos relações
políticas com outros candidatos. Mantemos relações com Wellington e Eduardo
Braide, que são deputados estaduais e apoiam o governo. Em relação a estes
outros nomes não há posição de considerar como adversário. Mas a relação
partidária e histórica, obviamente é mais forte com Edivaldo e Eliziane.
E caso chegue a um segundo turno
Wellington ou Eduardo Braide, o governo manterá o compromisso de
distanciamento?
Flávio
Dino – Na verdade este compromisso de
equidistância e neutralidade se refere a Edivaldo e Eliziane. Nos outros casos
hipotéticos teríamos que analisar diante de uma situação concreta que não me
parece provável. Eu tenho uma leitura política que o mais provável é que
tenhamos um segundo turno entre o prefeito Edivaldo e a deputada Eliziane.
Sendo assim, o mais provável, está mantido o compromisso.
No caso de Pinheiro, o que aconteceu
com o acordo que estava feito pela aliança entre PP e PCdoB?
Flávio
Dino – É um mistério pra mim. Fizemos
um acordo aprovado por todos os partidos que compõem a coligação e um destes
partidos, no caso o PP, mudou de posição. Não houve uma explicação. Procuramos
diálogo nos últimos dias para entender a razão. Não foi dada uma explicação
lógica, até porque temos alianças em vários municípios. O resultado disso é
que, infelizmente, não houve a união que desejávamos e hoje temos um candidato
lá em Pinheiro que é o meu candidato, o candidato Leonardo [Sá].
O senhor imagina que tenha tido alguma
interferência para o rompimento acontecer logo após a aliança do PP em São Luís
com o PSB?
Flávio
Dino – Pode ser que tenha tido um
acordo dessa natureza, mas não fomos comunicados. Fomos surpreendidos por esta
posição em Pinheiro. Sempre entendemos que São Luís estava fora do acordo com
outros municípios, valendo para o PP e outros partidos. Não houve explicação e
o resultado é este. Teremos três candidaturas e espero que o Leonardo seja o
vencedor.
No caso de Barreirinhas, quando houve
uma intervenção do PDT para que o prefeito Leo Costa não fosse candidato e ele
conseguiu uma liminar na Justiça para ser candidato?
Flávio
Dino – Não sei como ficará esta
situação na Justiça. Não sei como foram os procedimentos internos do PDT. O
partido adotou uma intervenção visando cumprir um acordo de 2012. Foi feito um
acordo na minha presença que o prefeito Leo não seria candidato à reeleição e
apoiaria outro candidato. Este acordo propiciou a grande união em torno do Leo
que propiciou sua vitória na eleição em 2012. Teremos uma disputa interna
no PDT e vamos acompanhar. De qualquer forma, estarei no palanque do candidato
Amilcar [Rocha].
Em Imperatriz também está bem definido?
Flávio
Dino – A candidata que tem nosso
apoio, nosso entusiasmo é a candidata Rosângela Curado. Faço questão de sempre
frisar que o governo não se mete em eleição, o governador sim. Comparecerei aos
eventos políticos nos finais de semana. E os secretários também estão livres
para participar de acordo com suas posições partidárias. Não vamos determinar
que nenhum tome posição A, B ou C. Primeiro porque a maioria não tem filiação
partidária, então são livres. E os que têm filiação, cada um segue a orientação
do seu partido. Eu, como militante político, vou respeitar os acordos que meu
partido fez. Em São Luís eu deixei claro que o PCdoB seguiria seu caminho, mas
eu estava preso a um compromisso com a deputada Eliziane e iria cumprir este
compromisso. Em outras cidades vamos seguir nosso partido.
Em Bacabal o PCdoB está com Zé Vieira.
O senhor irá com ele na cidade?
Flávio
Dino – Sim. Claro. O deputado Zé
Vieira nos apoiou em 2014 e foi muito importante para nossa vitória na
ocasião. Ele representa um conjunto de forças em Bacabal que estiveram
comigo em 2014. Eu não deixo aliado na beira do caminho. Como ele me ajudou em
2014, eu estarei em evento dele em Bacabal.
Coroatá em um município símbolo onde a
família Murad manda e quer se manter no poder. Como será sua posição na cidade?
Flávio
Dino – Eu estarei presente na
campanha. Ajudei na coalizão ampla em torno do nome do Luis [do Amovelar
Filho]. E ao mesmo tempo é um gesto para o PT, que tem se aproximado do nosso
campo de alianças, e temos apoiado o PT em algumas cidades para que ele se
incorpore mais firmemente entre as forças que apoiam o governo.
E em Paço do Lumiar, onde o atual
prefeito é do PSDB com vice do PDT, mas o senhor irá poiar Domingos Dutra
(PCdoB)?
Flávio
Dino – Eu sempre deixei claro que o
Dutra não era propriamente do PCdoB, o Dutra é suprapartidário. Ele é uma
personalidade da luta democrática e popular do Maranhão há muitas décadas.
Portanto, ele tem autoridade para reivindicar o apoio de todos. Afirmei aos
dirigentes de PSDB e PDT que não vai haver hostilidade ao Josemar. Mas estive
na convenção do Dutra, porque acho que ele é a melhor pessoa para dirigir a
cidade.
Eu vou adotar um critério que não é o
da Raposa política. Este conceito está vencido no tempo. Acho que é preciso ter
clareza, posições nítidas. Muita gente diz que em relação ao impeachment “pagou
o preço”. Não importa. Eu prefiro seguir em paz com minha consciência. Do mesmo
modo em relação às eleições municipais, eu não vou me recusar a tomar posição
em nenhum município e vou levar em consideração meus compromissos de 2014.
Nós valorizamos muito quem esteve
conosco na hora de dificuldade. Isto não quer dizer que não incorporamos novos
atores, claro que incorporamos. Mas, jamais atropelamos nossos aliados de
ontem. Exemplo claro: prefeito que não nos apoiou em 2014 e pretende se filiar
ao PCdoB. Ele pode receber nosso apoio desde que nossos apoiadores no município
concordem. Eles têm que ser partícipes deste acordo. Não passaremos por cima de
quem nos apoiou. A partir deste parâmetro, para ganhar ou para perder.
Eu não tenho a preocupação de dizerem
que eu fui ao palanque tal e o candidato perdeu. A grande vitória é ser
coerente. Vitória número dois é defender aquilo que eu considero melhor em cada
cidade. E vitória número três é ganhar na maioria das cidades. E nossos
candidatos vencerão na maioria das cidades.
Flávio
Dino – Na nossa cultura política é
normal que todo mundo busque o melhor posicionamento para a eleição seguinte. A
eleição no Brasil tem um intervalo muito curto. De modo que uma eleição sempre
está engatada a outra. Acho isso nocivo porque
atrapalha a gestão pública em larga medida. No atual sistema, acaba acontecendo
isso. Uma eleição cai dentro da outra com muita velocidade.
O fato dos vários seguimentos se
movimentarem para fortalecer 2018 é normal e não prenuncia nenhuma
tendência. Só vamos ter um quadro mais claro no final de 2017 por várias
razões. Uma delas é a política nacional. Cada vez mais os partidos são
nacionais e as definições locais dependem da nacional. E hoje reina a escuridão
sobre isso. É um exercício improdutivo de futurologia imaginar que A, B ou C
são candidatos. Mas é justo e legítimo que cada um que faz parte do jogo
eleitoral busque se fortalecer.
Acho justo que o senador Roberto Rocha,
o vice-governador Carlos Brandão, o deputado Weverton Rocha, o deputado Waldir
Maranhão, o PT, o PCdoB busquem se fortalecer. É natural que a eleição
municipal seja uma medição de forças de todos estes seguimentos. Concluída a
eleição municipal, com mais um ano de nosso governo, com um quadro mais nítido
do cenário nacional, poderemos prognosticar o que vai acontecer em 2018.
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